Dia da Floresta Autóctone

Celebra-se hoje (23 de Novembro), o Dia da Floresta Autóctone, efeméride que enfatiza a importância de preservar e cultivar as espécies florestais e agroflorestais que compõem o património natural português.

O Dia da Floresta Autóctone foi instituído para comemorar a importância das espécies que fazem parte do património florestal natural. O 23 de novembro foi escolhido como substituto do Dia Mundial da Floresta (21 de março), que originalmente foi criado para países do norte da Europa, onde as condições são melhores para a plantação de árvores. Em Portugal, a plantação de árvores na primavera apresenta frequentemente um baixo sucesso associado ao aumento das temperaturas e redução da pluviosidade, as condições climatéricas a partir de novembro habitualmente são mais favoráveis do que em março, com temperaturas mais baixas e precipitações. Em resultado, o Dia da Floresta Autóctone foi instituído e é normalmente comemorado com atividades de sementeira e plantação para preservar as árvores autóctones.

Figura 1: Doação de árvores destinadas a projetos de reflorestação. Fonte: florestas.pt

O que é uma floresta autóctone?

São florestas que constituem sistemas dominados por árvores nativas e restante flora, fauna, fungos e outros organismos. Estes elementos estabelecem entre si relações que permitem a sua manutenção sem intervenção do homem.

Neste caso, a floresta autóctone portuguesa é composta por árvores que são originárias do nosso país, como carvalhos, medronheiros, castanheiros, loureiros, azinheiras, azereiros, sobreiros e outras árvores.

Porque devemos dar importância às florestas autóctones?

  • Em comparação com espécies introduzidas, as florestas autóctones são mais resistentes a pragas, doenças e longos períodos de seca ou chuva intensa porque são mais adaptadas às condições do solo e do clima do local;
  • Ajudam a preservar a fertilidade das áreas rurais, o equilíbrio biológico das paisagens e a diversidade genética;
  • As florestas autóctones integram o nosso ambiente. A maioria das espécies animais autóctones, muitas das quais em vias de extinção, usa esses locais como locais de refúgio e reprodução;
  • Além de desempenhar um papel significativo na regulação e melhoria do clima, as florestas autóctones desempenham um papel significativo no sequestro de carbono da atmosfera, contribuindo para a redução do efeito estufa.
  • Controlam o ciclo hidrológico e a qualidade da água, formam solo e ainda servem como matéria-prima para produtos essenciais à vida quotidiana;
  • Embora as florestas autóctones cresçam mais lentamente, quando bem desenvolvidas, elas geralmente são mais resistentes e resilientes aos incêndios florestais;
  • Este elemento, combinado com os períodos de exploração mais longos destas espécies, permite o cumprimento dos objetivos de retenção de carbono previstos no protocolo de Quioto e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030 das Nações Unidas).

Em Portugal, as árvores autóctones totalizam 72% da floresta

Segundo o 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6) do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em Portugal, as árvores autóctones totalizam 72% da floresta, que pode ser organizada em três grandes grupos, ou formações florestais: pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso); folhosas perenifólias (sobreiros e azinheiras) e folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras).

De acordo com a Carta de Ocupação e Uso do Solo referente a 2018, a espécie mais comum da floresta nacional é o pinheiro-bravo, que representa 29% da área florestal de Portugal continental. No entanto, a sua prevalência está a diminuir ao longo do tempo: segundo os dados de uso e ocupação do solo de 2007, representava 31% da área florestal. Desde então, a sua área florestal tem diminuído, principalmente para o eucalipto, com uma perda média de 6,5 mil hectares por ano. Para o Sobreiro, Azinheira e Pinheiro-manso, as percentagens de ocupação são de 18%,6% e 6% respetivamente.

Como preservar e manter as florestas autóctones?         

Cuidar e manter espécies autóctones, sobretudo as que estão em maior risco, implica:

  • A criação e administração de áreas protegidas, como reservas naturais e parques nacionais, para preservar os ecossistemas florestais autóctones.
  • Participar ou apoiar iniciativas de reflorestamento que usem espécies autóctones e adotem métodos sustentáveis.
  • Monitorizar e controlar espécies invasoras que podem ameaçar as plantas autóctones, alterar os ecossistemas e competir por recursos.
  • Apoiar iniciativas e políticas destinadas a diminuir o desmatamento por meio de regulamentação, fiscalização e incentivos económicos.
  • No setor da agricultura, adotar práticas agrícolas sustentáveis que reduzam o impacto nas áreas florestais, como práticas de agrofloresta.

Iniciativas do Dia da Floresta Autóctone

  • O projeto Plantar Lousada, uma parceria do município da Lousada e da Verde – Associação para a Conservação Integrada da Natureza, dedicam dois fins de semana por mês, de novembro de 2023 a abril de 2024, a ações de plantio de árvores e arbustos nativos na região da Lousada.
  • A Câmara Municipal de Caminha associa-se ao Movimento Plantar Portugal e assinala o Dia da Floresta Autóctone com duas plantações no concelho. No dia 23 de novembro, a plantação decorre na Mata Nacional da Gelfa e, no dia 27 de novembro, no Baldio de Azevedo.
  • O Município de Vila Nova de Poiares está a incentivar os proprietários do concelho a reflorestar os seus terrenos e oferece até 300 árvores e arbustos autóctones (por proprietário ou gestor florestal), para contribuir para uma floresta diversa e resiliente.
  • A associação ambientalista Quercus realiza ações de plantio com voluntários – plantações/sementeiras, recolha de sementes/frutos e cuidar de bosques autóctones – no âmbito do projeto Criar Bosques, atuando em várias regiões do país.

 

Pedro Mesquita e Eva Leite, , Departamento de Sustentabilidade da Ecoinside

 

   

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